Economia de guerra russa - a verdade escapou?
Quem se der ao trabalho de estudar seriamente o impacto real dos orçamentos militares e das economias em tempo de guerra perceberá que a economia russa assenta, cada vez mais, em artifícios, manipulação estatística e propaganda. Os números oficiais do PIB são fabricados para manter a ilusão de estabilidade e progresso. Quando Moscovo admite publicamente a possibilidade de uma recessão, é porque a situação interna já ultrapassou o ponto de dissimulação propagandística. O próprio Ministro das Finanças, Anton Siluanov, chegou há pouco tempo a reconhecer a necessidade de aumentar impostos e a possibilidade de contração, mas foi rapidamente forçado a “emendar” as suas declarações. O mesmo Siluanov que chegou a sugerir que o aumento de impostos talvez não fosse suficiente, antes de afirmar que se tinha expressado mal, quando o Kremlin quase cuspiu o café ao ouvir alguém dizer a verdade, logo de seguida afirmou que “a Rússia não tem uma recessão, tem um arrefecimento planeado da economia”. Delicioso, até porque a alternativa que restava a Siluanov, caso não corrigisse a franqueza seria sem querer tropeçar e cair de alguma janela de um 12º piso de um prédio, mas a verdade é simples: o dinheiro está a acabar.
O Ministro das Finanças russo que, no painel da manhã do Sberbank durante o Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, afirmou que o orçamento russo enfrenta turbulências significativas, em entrevista logo de seguida à TV oficial, afirmava que as sanções europeias afectam mais a UE do que a Rússia, cuja economia se mantém estável graças a reservas sólidas, dívida baixa e défice controlado. O problema que desmonta a narrativa é que Siluanov foi acompanhado na análise pelo presidente do Sberbank, German Gref, que descreveu a economia como uma “tempestade ideal” devido às altas taxas de juros e à baixa produtividade, acrescentando que a valorização do rublo agrava o déficit orçamental, provavelmente exigindo novos........
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