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Grita Liberdade

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28.04.2025

A liberdade é uma festa. Sempre! Uma experiência de comunhão entre o que sentimos e o que pensamos. Uma experiência de encontro com outras pessoas, diferentes de nós, que nos sentem e nos imaginam. Que perguntam e escutam e falam. E, pensando em conjunto connosco, nos levam a “voar” mais longe. Não há liberdade sem contraditório. Não há liberdade sem escolhas. Não há como ser livre sozinho. Não há liberdade sem que, ao pé de nós, os outros não experimentem, também, a sua liberdade.

É por isso que me incomoda a ideia que defende que a nossa liberdade começa onde termina a do outro. Porque uma ideia como essa pressupõe que o outro será sempre um obstáculo ou um constrangimento à nossa liberdade. O que, levado ao limite, nos permitiria supor que seríamos tanto mais felizes quanto mais sozinhos acabássemos por estar. O que talvez não seja lisongeante para a inteligência. Nem para a liberdade. Porque isso faria supor que seríamos tanto mais livres quanto mais pudéssemos fazer tudo(!) aquilo que quiséssemos. Sem restrições e sem se pensar, sequer, sobre isso. Como se a liberdade fosse agir mais do que pensar.

E, no entanto, considerando a educação, a fórmula “menos regras, mais liberdade” é um equívoco enorme que se tem vindo a alimentar. Como se as regras fossem uma opressão. O que pressupõe que as regras — que são, simplesmente, o senso comum do bom senso — seriam um constrangimento à liberdade e não tanto o seu garante. Indo-se por aqui, talvez se perceba melhor porque é os jovens mais escolarizados que a Humanidade já produziu, que têm os adultos mais perscrutantes em relação ao sentido da autoridade que podem ter sobre eles, se têm vindo a desencontrar da liberdade. E da humanidade. A ponto de mais escolaridade não representar, por isso mesmo, mais liberdade. Se a autoridade dos pais for, simultaneamente, sabedoria, bom senso, sentido........

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