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Castelos na areia

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05.07.2025

Apetecia-me fazer castelos na areia, disse-lhe ela, ele riu-se. Estavam agora para lá da tempestade do ano anterior. Ela já não ouvia vozes, ele já conseguia beijá-la na boca. Parecia ser preciso um milagre para que se dessem estas duas coisas depois do que tinham vivido. E talvez aqueles dias na praia fossem mesmo um acontecimento dessa ordem, um desarranjo elementar para lá de tudo o que na vida está predestinado a correr mal, uma guinada desordeira, porque a ordem natural das coisas é aquela que nos encaminha para o sofrimento e, enfim, eram felizes contra a ordem natural das coisas.
Estavam realmente de férias pela primeira vez em vinte anos. Tinham passado duas décadas a querer ser pessoas normais, mas acabando sempre por não fazer o que as pessoas normais faziam. Agora entendiam a sabedoria dos outros, a necessidade de parar, de descansar, e outras coisas........

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