menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O Voto Invisível na Era Tecnológica

9 16
15.05.2025

Com a rápida ascensão da inteligência artificial (IA) e a iminente introdução do euro digital, o voto de 18 de maio já não será apenas sobre programas políticos. Será sobretudo uma decisão sobre quem tem a lucidez e a competência para gerir o impacto da IA no emprego, na economia, na democracia e na liberdade individual dos portugueses.

Está em marcha uma nova engrenagem de poder: automatizada, digital e invisível. A inteligência artificial já decide que conteúdos vê, o que consome, como é avaliado, a que serviços acede — e, já nos próximos quatro anos, poderá tutelar o que poderá ou não adquirir com moedas digitais programáveis. A promessa é eficiência; o risco, controlo absoluto.

A tecnologia não é neutra — depende de quem a controla e com que objetivos. Na China, já está em curso um modelo digital centralizado: o “yuan digital”, uma moeda programável emitida pelo banco central (CBDC), permite ao Estado monitorizar e condicionar as transações dos cidadãos em tempo real. Associado a sistemas de vigilância eletrónica com inteligência artificial, este modelo integra controlo financeiro e comportamental, criando uma infraestrutura inexorável de poder concentrado. É o que alguns designam por “socialismo inteligente” e pode parecer eficiente, mas sacrifica a privacidade e a liberdade.

Nos Estados Unidos, pelo contrário, desenvolvem-se modelos digitais abertos, auditáveis e descentralizados, estando a tecnologia ao serviço da liberdade individual, não da sua erosão. Com a rejeição explícita das CBDCs (ordem executiva de 23 de janeiro de 2025), optou-se por libertar o dinheiro digital da alçada do Estado e favorecer as criptomoedas e plataformas abertas baseadas na blockchain, utilizando contratos inteligentes que garantem segurança e transparência nas transações.

Enquanto as CBDCs podem restringir ou condicionar administrativamente o uso do dinheiro, as criptomoedas descentralizadas — desde a........

© Observador