menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O sonho americano: expansionismo e direito

8 8
13.03.2025

Desde a sua vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América (EUA), em novembro de 2024, Donald Trump multiplicou as reivindicações territoriais provocatórias, atraindo a atenção internacional com propostas anexionistas, incluindo a integração do Canadá nos Estados Unidos, a aquisição da Gronelândia e a retoma do controlo do Canal do Panamá. Estas declarações fazem eco de certas ambições expressas durante o seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, quando enquadrava frequentemente a estratégia geopolítica dos EUA em termos de domínio económico, força militar e um renascimento do expansionismo estadunidense. Embora tal retórica possa ter sido descartada como postura política, levanta questões fundamentais sobre o ressurgimento do discurso imperialista na política externa contemporânea dos EUA.

Na sua retórica sobre o Canadá, Trump enquadrou a relação comercial bilateral como um pilar fundamental da viabilidade económica do Canadá, enfatizando a importância do consumo estadunidense das exportações canadianas. Ao sublinhar que 75% do total das exportações do Canadá são direccionadas para os EUA, Trump deu a entender que a estabilidade económica do Canadá depende fortemente desta troca. Este enquadramento evoca uma narrativa neo-imperialista, onde a dependência económica de uma potência maior pode ser vista como uma vulnerabilidade. Neste contexto, as afirmações de Trump podem ser interpretadas não só como uma táctica de negociação, mas também como uma tentativa de afirmar o domínio dos EUA na América do Norte, alavancando a interdependência económica como uma forma de influência geopolítica. A sua afirmação de que o Canadá pode ter dificuldades sem esta relação realça a dinâmica de poder desigual inerente ao comércio global e sublinha a fragilidade das economias mais pequenas quando confrontadas com potências mais dominantes.

A proposta de tornar o Canadá no 51.º Estado dos Estados Unidos, vista pelo primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, como uma questão séria relacionada com os interesses dos EUA nos vastos recursos naturais do país, revela um aspecto mais profundo na visão de Trump sobre o expansionismo estadunidense. Embora rapidamente rejeitada pelo Canadá, a sugestão enfatizou as ambições mais amplas de Trump de remodelar a América do Norte de uma forma que se alinhasse com a sua visão de domínio estadunidense. Embora a ideia de anexar o Canadá tenha estado historicamente presente no discurso político dos Estados Unidos, particularmente durante o período expansionista do século XIX, a proposta de Trump era distinta, pois não se........

© Observador