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Da estupefacção ignara da História

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23.06.2025

«Portugal não se fez ou unificou nos tempos modernos nem tomou a sua forma com o ideal pagão e anti-humano de deificar [endeusar, divinizar, sublimar no sentido de superior] uma raça ou um império». (António de Oliveira Salazar, Discurso Oficial de 1934)

A transparência, mais do que a translucidez (de opacidade relativa) interpretativa da perspicuidade cristalina da declaração supra de Salazar sobre a Identidade Portuguesa, reflecte a posição doutrinária do Estado Novo, que se baseava em factores históricos e culturais-civilizacionais – dos elementos agregadores da História de Portugal, da interpretação imperial do Império, multirracial e uni nacional, e da Língua Portuguesa conectante – dos portugueses «todos» do mundo portugalino, do lusitanismo-portugalismo, e da Nação-Povo única(o) de «Portugal do Minho a Timor».

Falamos da «Portugolândia» idiossincrática-axiológica sentida, vivenciada e interpretada valorativamente, assumida-comungada e de assumpção personalizada pessoal-individual e de colectividade-colectiva nacional dos portugueses europeus, dos portugueses africanos, dos portugueses asiáticos e dos portugueses sul-americanos.

Mais, falamos dos portugueses que lutaram, combateram e morreram pela Pátria-Mãe nas guerras do Ultramar, muitos deles autóctones; portugueses indígenas e continentais, infelizmente abandonados à sua sorte e traídos muitos deles no atrapalhado, precipitado e atabalhoado processo de descolonização da esquerda radical dominante no período revolucionário abrilista e pós-Abril.

Mais, falamos do português que está no Panteão Nacional, ídolo-herói nacional festejado da portugalidade, caso de Eusébio da Silva Ferreira, português africano (nascido em Moçambique), do Tenente-Coronel Marcelino da Mata, outro africano, condecorado com a Ordem da Torre e Espada, patriotas, entre outros portugueses continental-ultramarinos.

Mais, a título exemplificativo e pedagógico-didáctico, para combater o enviesamento histórico, deixar a nota de que quando o Brasil foi atacado a partir de 1580 (com a morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir em 1578, sem deixar herdeiros, e a crise dinástica que se seguiu; perda da independência nacional para Castela-Espanha, Filipe II e seguintes, com a União Ibérica até 1640, com a Restauração da Independência) pelos holandeses, foi defendido por voluntários, as companhias de emboscada, chefiadas por Matias de Albuquerque (branco, nascido em Lisboa, c.1547, Conde de Alegrete, português do continente, fidalgo e administrador colonial luso-brasileiro, governador da capitania de Pernambuco e governador-geral do Brasil ), por Henrique Dias (negro), português angolano, pelo índio português da Amazónia chamado O Camarão, heróis nacionais e patriotas condecorados, segundo o professor Sousa Lara, entre outros – sendo que é um desvario lamentável e uma idiotice falar de «raça pura», uma ideia peregrina ignara que não colhe historicamente, de modo algum – que fere e flagela a História e a memória de Portugal imperial.

Mais, não podemos julgar-avaliar a factologia histórica do passado pelas lentes do presente e pela ideologia crítica que deturpa, aponta o dedo e acusa, pede reparações e exige pedidos de desculpa, num fundamentalismo, radicalismo, wokismo e frenesim, e ignorância confrangedores – a História é o que é, acontece – em contexto. É claro que houve escravatura; não se trata de negar nem de suavizar uma narrativa romântica do «bom colonizador». Trata-se de fazer o enquadramento historiográfico no tempo-mentalidades em concreto. Eram outros tempos. Aliás, como aconteceu aquando da Revolução Industrial, deixamos como exemplo, a exploração do trabalho infantil, em que as crianças eram vistas e........

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