menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

A Europa manifestou-se por Gaza, porque não pelo Sudão?

5 5
08.11.2025

Manifestações e protestos, vigílias e manifestos abundaram a respeito de Gaza. Foi-nos infligida toda uma flotilha de barcos de recreio a fingir que iam levar ajuda humanitária aos civis palestinianos vítimas do fogo cruzado entre o Hamas e Israel. Mostram que, ao contrário do que dizem, há muitos europeus que sentem, como eu também sinto muito o sofrimento dos palestinianos. Mas sempre resisti à ideia de que a Europa – com mais ou menos protestos – poderia ter um papel decisivo nesse conflito, que não o teve, comprova-o o cessar-fogo, frágil mas indispensável, em Gaza, que foi negociado, sobretudo, pelos países da região e pelos EUA. Também não aceito a ideia de que Gaza é um conflito esquecido. Há outros 60 conflitos armados espalhados pelo Mundo, quase todos têm muito menos visibilidade do que Gaza. O Sudão à custa de massacres visíveis do espaço tem, agora, um pouco mais de atenção, mas sem manifestações que se comparem. É legítimo perguntar, porque não?

Gaza é um dos territórios mais pequenos do Mundo. Já o Sudão é o terceiro maior país de África. Os mais de 50 milhões de sudaneses estão, desde 2023, a braços com uma sangrenta guerra civil, a terceira que enfrentem desde a independência, em 1956. Na verdade, este país do Sahel teve apenas 10 anos de paz, e ainda menos de governação civil democrática, tendo passado por seis golpes de estado vitoriosos. Esta é uma guerra que já causou, pelo menos, 150.000 mortos, e 12 milhões de deslocados, seis vezes a população total de Gaza. Onde têm estado todos estes militantes tão preocupados com crises humanitárias?

Não duvido, repito, que muitos europeus estão verdadeiramente chocados com a situação humanitária em Gaza. Eu também estou. Mas é evidente que os promotores dos protestos relativamente a Gaza por essa Europa fora, foram bem para além dessas preocupações ou críticas legítimas. Uma parte importante........

© Observador