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Imigração, doutores socialistas e “direita”

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23.07.2025

A forma como uma organização como o Partido Socialista se comporta depois do que lhe aconteceu é, naturalmente, do mais elementar interesse analítico sociológico-político. Situado no terceiro lugar, está num momento delicado. Tem de reganhar forma e ainda está às apalpadelas. É normal. Custa, todavia este é um momento decisivo. Reerguer-se acarreta diferenciar-se dos outros partidos, mas o PS entorna também o caldo se não participar com os outros na empreitada da resolução efetiva dos problemas que são fortemente sentidos no âmbito popular. A maioria parlamentar de “direita” está dada pelo povo, e as convicções deste hemisfério político são as que pairam no ar e têm vigorosa afirmação. São os tempos, que não surgem por acaso. Isso não significa que o PS deve entender a “direita” como uma vaca sagrada, a que deve atender agachado ou cuja ação não deve obstaculizar de modo incondicional. Indica, isso sim, que é aconselhável que ponha a mão na consciência. O povo falou e sente e, se calhar, merece ser considerado.

Numa altura em que as políticas daquilo a que se chama “direita” em Portugal, nas suas diversas expressões, são as únicas que crescem em adesão eleitoral (à exceção do Livre, no lado oposto), dizer que o Governo está a adotar propostas do Chega (e da IL) é publicidade gratuita à AD. Declarações como a de Carlos César em referência ao Programa de Governo, em 15 de junho, são reveladoras. O presidente do PS criticou o Executivo de Luís Montenegro por se chegar “mais à direita”, ao incluir medidas “negativas” “para seduzir a IL e o Chega”. O então interino na secretaria-geral concluiu com a certeza de que, por causa disso, os socialistas seriam “mais oposição do que já” previam. Também José Luís Carneiro, na comissão nacional de 5 de julho, repudiou e garantiu ser opositor do “abraço da direita à extrema-direita”, visível, no seu entender, na mistura de “nacionalidade com imigração e com criminalidade”.

Os dirigentes do PS (ainda) não retiraram, pelo menos, algumas lições do seu desaire eleitoral e da fragilização civilizacional legada pelo próprio partido. Não aprenderam que anunciar a suposta perigosidade das medidas da “direita” não só não faz o PS ganhar o centro, por contraponto ao PSD (porque........

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