O referendo para decidir futuro da Gronelândia
Tem pouco mais de 56 mil habitantes, mas é a maior ilha do planeta. Tem grande parte da sua área coberta por um deserto de gelo, mas é rica em matérias-primas. Pertence à Dinamarca, mas o seu futuro é incerto. Nas últimas semanas, a Gronelândia tem estado nas bocas do mundo, depois de Donald Trump ter expressado o desejo de anexá-la aos Estados Unidos da América. Muito está em jogo, desde questões estratégicas até à exploração de recursos. No entanto, há um aspeto ainda mais prioritário que deve ser considerado – qual a vontade dos gronelandeses?
A Gronelândia é maioritariamente habitada por inuítes — um povo que também está distribuído por regiões como o Estado norte-americano do Alasca e os territórios setentrionais do Canadá. Ao longo da história, os inuítes gronelandeses têm-se deparado com dificuldades em afirmar a sua liberdade e autodeterminação. Não é preciso recuar muito tempo para encontrar casos de opressão por parte da Dinamarca. Só durante o século passado, vários habitantes da Gronelândia, incluindo crianças, foram realocados à força das suas casas, e várias mulheres e meninas gronelandesas foram alvo de uma campanha de contraceção forçada, que pretendia “controlar o crescimento populacional”. A ilha adquiriu o estatuto de região autónoma em 1979, com direito a parlamento próprio, mas as memórias do colonialismo ainda persistem.
Face ao interesse dos Estados Unidos, o primeiro-ministro gronelandês, Múte Egede, disse que “a Gronelândia não está à........
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