Palavras sem ações: o vazio que abre espaço ao populismo
Pela primeira vez em democracia, um outro partido que não o PS ou o PSD / AD lidera as intenções de voto, o Chega. Esta até seria uma boa novidade, reveladora da vitalidade do sistema, se não se tratasse de um partido com uma agenda radical, recém-constituído e por isso sem quadros, muitas vezes com opiniões que se contradizem umas às outras.
Esta novidade, no entanto, não deveria surpreender, pois a tendência de crescimento do Chega é inequívoca. Feito nascer no início pelo PSD, o Chega ganhou lastro durante a geringonça, e o PS de então bem pode pôr a mão na consciência, em especial o seu líder de então, António Costa, que ignorou a verdadeira oposição e transformou André Ventura no centro do debate político.
O PS deu palco ao Chega, mas o Chega também foi crescendo pois não se vislumbrava uma verdadeira oposição nos outros partidos. Se acrescermos a isto uma ação governativa que não lançou uma obra ou uma reforma estrutural que fosse, entende-se a razão pela qual chegámos às legislativas de há um ano com mais de um milhão de fortemente descontentes, oriundos de todos os quadrantes.
E será que o crescimento do Chega está a estabilizar? Estou convencido que não, pois o Chega alimenta-se do descontentamento, e o (legítimo) descontentamento tem que ver com um país estagnado, liderado por políticos que não sabem ou não querem mudar.
O tema é pois se este governo........
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