Preto no branco sobre as linhas vermelhas
Uma linha é uma linha, e não se fala mais nisso: seja qual for a sua cor, passa normalmente despercebida. Exceto se for vermelha: quando nos encontramos face-a-face com o dueto linha vermelha, somos de imediato intimamente alertados no sentido de jamais pôr em causa a sua relevância enquanto inultrapassável fronteira. É-nos transmitido que uma linha vermelha demarca, de um lado, um espaço aberto à socialização e à vida, e do outro – se e quando trespassada –, uma escala de penalizações proporcionais à asneira cometida: de um pontual e conciliante aviso, até, num caso-limite, uma eventual violência retaliatória.
No caso de ocorrer uma grave violação, gera-se uma perigosa transformação do interlocutor e adversário num potencial inimigo. Para se evitar quanto possível esse indesejável deslizamento para um status quo de natureza bélica, assinam-se e ratificam-se tratados e outros instrumentos jurídicos destinados a uma efetiva contenção mútua. E todos respeitam o seu compromisso.
Pena é que essa situação fabulosa (de fábula) não seja mais do que um........
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