Ser positivo já não está na moda
Vivemos tempos em que ser positivo parece ter-se tornado quase subversivo. Em particular no setor da saúde, tornou-se hábito olhar a realidade com uma lente que amplifica o que está mal, negligenciando quase por completo o que funciona. Nos media, nos debates, nas conferências e até nas mais especializadas jornadas técnicas, o foco é sempre o mesmo: os problemas, os erros, as falhas, a exaustão do sistema. As soluções, quando existem, são relegadas para rodapés ou ignoradas sob o argumento de que “não se aplicam à nossa realidade”.
Assistimos a uma inércia institucional que se cristalizou no discurso público. Fala-se incessantemente de dificuldades, mas age-se muito pouco. As boas práticas, quando surgem, não são replicadas; os exemplos estrangeiros são prontamente descartados com argumentos repetidos — “Portugal é diferente”, “não há vontade política”, “a população não quer mudanças”. Estas frases, hoje tão comuns, servem muitas vezes para justificar o imobilismo. E esta normalização da paralisia tem consequências sérias. A crítica constante, sem........
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