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Portugal, o país dos ilusionistas

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10.08.2025

Em Portugal, vivemos num permanente espetáculo de ilusionismo político. Os protagonistas não usam cartolas nem cartas, mas dominam como ninguém a arte de nos fazer acreditar que algo está a acontecer… quando, na verdade, tudo continua exatamente na mesma.

A cada ciclo eleitoral, os discursos renovam-se: fala-se de reformas estruturais, de cortes nas gorduras do Estado, de investimentos na saúde, de justiça para os professores, de dignidade no trabalho e de políticas migratórias coerentes. Ouvimos palavras grandes: “mudança”, “visão”, “transformação”. Mas passadas as promessas, quando o pano sobe e os holofotes se apagam, a realidade volta a instalar-se — pesada, repetitiva, sem magia. Prometem-nos ação, mas entregam-nos adiamento.

Veja-se o caso dos incêndios. Todos os verões, Portugal arde. Arde o interior esquecido, ardem as matas sem ordenamento, ardem as vidas de quem insiste em resistir no campo. Os relatórios sucedem-se, os minutos de silêncio também, mas ano após ano, pouco muda. Os aviões chegam tarde, os bombeiros continuam mal pagos, e a floresta continua ao abandono. Ilusão de ação, realidade de inércia.

Na saúde, o desafio é grande, mas a oportunidade de mudança também. Fala-se em reforçar o SNS, em contratar profissionais, em melhorar o acesso às urgências. Mas, na prática, muitos utentes continuam a enfrentar longas esperas por consultas e tratamentos, e os serviços de urgência sentem dificuldades em garantir uma resposta plena, devido à escassez de recursos humanos. É essencial investir de forma estratégica na valorização das equipas de saúde, criar melhores........

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