O Almirante, Ventura e o PSD
A apresentação da candidatura presidencial do Almirante Gouveia e Melo confirmou e reforçou a rota que se previa. A candidatura do Almirante vai recolhendo força não tanto pelo que é, mas antes por aquilo que não é: o notório desgaste do sistema partidário – e em especial de PS e PSD – favorece uma personalidade que se coloca para lá desse mesmo sistema (ainda que não necessariamente contra ele); da mesma forma que o desgaste a que Marcelo sujeitou o cargo presidencial pela forma como escolheu exercer a função favorece – e muito – uma personalidade como o Almirante. Não foi aliás certamente por acaso que as mais duras referências de Gouveia e Melo na sua apresentação tiveram implicitamente como alvo o próprio Marcelo, com quem o Almirante deseja estabelecer um contraste inequívoco. Como salientei a propósito da rota do Almirante para Belém:
“A forma como Marcelo exerceu as funções presidenciais leva agora boa parte do eleitorado a desejar precisamente uma espécie de “anti-Marcelo”, seja do ponto de vista da contenção da comunicação seja relativamente à sobriedade institucional e à promoção da estabilidade política. Não obstante a contribuição de outros factores, o potencial sucesso eleitoral do Almirante deve muito à conduta de Marcelo que, ironicamente, se arrisca a deixar como os seus dois principais legados a instabilidade política e o regresso de um militar à Presidência da República.”
Tanto a fraca concorrência apresentada até ao momento como a saturação do eleitorado com os dois........© Observador
