Isto não é uma brincadeira
Em “Match Wits with Inspector Ford”, uma das short stories que escreveu para a New Yorker nas décadas de 1960 e 1970, Woody Allen contava a história de um rapto cuja carta de resgate terminava assim: “P.S.: Isto não é uma brincadeira. Junto incluo uma brincadeira para verem a diferença”.
Na quinta-feira, Donald Trump comparou a guerra entre a Rússia e a Ucrânia a uma luta de crianças em que é preciso deixá-las trocar uns tabefes antes de as separar. Acertou nos termos, falhou nos destinatários. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia não é exactamente uma infantilidade: é um conflito bélico provocado por Moscovo que já causou um milhão e meio de mortos e feridos em ambos os lados. A brincadeira, que se incluiu na actualidade do mesmo dia para que todos pudéssemos ver a diferença, envolve o sr. Trump e Elon Musk.
Não tenciono dissecar os pormenores da contenda, da qual ainda não percebi grande coisa. Do que percebi, o sr. Trump quer aprovar no Senado, após aprovação na Câmara, uma lei reformista (a “Big Beautiful Bill”: não me digam nada) que talvez reduza gastos públicos ou, com maior probabilidade, acabe a aumentar o desmesurado e insustentável défice (ver a Lei de Ferguson, sff). Ou porque não gostou de ser........
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