A águas com Eça
Os excessos alimentares e etílicos, típicos das festividades que acabámos de viver, tendem a aumentar-nos a apetência por águas minerais. Eça de Queirós, que se debateu com frequentes crises gastrointestinais, era perito em águas. Não tendo os prazeres da mesa escapado ao realismo e à mordacidade da sua pena – pense-se no jantar que, n’Os Maias, João da Ega oferece em honra de Cohen no Hotel Central, ou no banquete d’A Capital, no Hotel Universal, pelo qual Artur paga, com «lágrimas de raiva», «vinte e duas libras!» – é natural que na sua obra também se encontrem referências a inúmeras águas minerais: «E de águas havia sempre no Jasmineiro um luxo redundante – águas geladas, águas carbonatadas, águas esterilizadas, águas gasosas, águas de sais, águas minerais, outras ainda, em garrafas sérias, com tratados terapêuticos impressos no rótulo…», escreve Eça no conto Civilização. Com pequenas variações, repetiria a descrição n’A Cidade e as Serras, romance onde surge ainda: «Ó Jacinto! E as águas carbonatadas? E as fosfatadas? E as esterilizadas? E as sódicas?»; «Água de Evian… Não, de Bussang! Bem, de........
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