O indicador de rumos
Se tem algo de belo a noite é o silêncio. É na quietude que descubro as estórias que busco no fundo da memória para lhes contar. Às vezes, acordo com as palavras engatilhadas. Basta um dedo no celular para que a magia aconteça. Sim, para mim também é mágico. Não sei de onde surgem as ideias. Acho que do meu dedo indicador direito. Ele começa e não para mais. Vai batendo freneticamente no teclado do celular e, de repente, já está lá o texto. Parece que ele acorda com o silêncio da noite.
Quando todos dormem, ele desperta e não me deixa dormir. Enquanto o texto não toma forma, ele não sossega. Se tento dormir, ele me cutuca e lá vou eu de novo batucar a telinha. Antes era a mão e a caneta. Agora, a mão é tão coadjuvante quanto eu. Quem manda é o dedo.
Pensando bem, esse dedo já se meteu em confusões demais nessa vida. Certa vez, em plena missa das nove de domingo, virou o cano de um revólver, com o qual mirei e acertei o Padre Augustinho. Ele viu e fingiu morrer em pleno altar! A falsa morte do padre me custou um beliscão fininho da minha mãe e 30 Ave Marias. Só ela sabia dar esse tipo de punição!
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