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O caçula

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29.07.2025

Meu compadre queixou-se das estripulias do seu irmão mais novo: “O caçula”, definiu ele. Aí, pisou no meu calo. Sou caçula também. Temporão! O temporão é um caçula plus. Quase uma aberração da natureza. Quatorze anos mais novo que a Marta, minha irmã do meio.


Nasci quando meus pais já não esperavam mais surpresas da vida. Minha mãe pensou que fosse menopausa, meu pai achou que fosse indigestão do bacalhau do Natal. Era eu, chegando sem aviso prévio, como aquele parente que aparece para o almoço de domingo sem ser convidado.


Ser o caçula é como ganhar na loteria um prêmio que você não sabia que tinha bilhete. De repente, você é o rei da casa. O pequeno imperador de um reino cujas regras já foram testadas e aperfeiçoadas nos seus irmãos – as cobaias humanas que vieram antes de você.


Meus irmãos costumavam dizer que cresceram com o manual de instruções da primeira edição, cheio de erros de digitação e capítulos faltando. Eu, por outro lado, ganhei a versão premium, revisada e ampliada, com direito a prefácio do Papa e posfácio do Pedro Bial.


Quando meu irmão mais velho quis uma bicicleta, meus pais deram uma palestra sobre os perigos das ruas e a importância de andar de ônibus. Quando eu pedi, eles não só compraram, como também incluíram todos os opcionais disponíveis, "para estimular meus reflexos e coordenação motora". A ciência ciclística evoluiu rapidamente naqueles anos entre nós, aparentemente.


Minha irmã........

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