Quem da família será o herdeiro político de Jair?
Os governadores presidenciáveis que orbitam o campo bolsonarista estão entre a cruz e a espada, numa delicada travessia. Ao mesmo tempo em que são pressionados a dar declarações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão confrontados por uma realidade fática repudiada pelo establishment financeiro que financiará as suas futuras campanhas eleitorais. A família Bolsonaro, em particular o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), autoexilado nos Estados Unidos, tem a digital cravada nos dispositivos “políticos” usados pela Casa Branca para justificar o tarifaço sobre os produtos nacionais.
Pode-se argumentar que, na prática, não teria sido o elemento decisivo do tarifaço. Mas considerando que a balança comercial do Brasil com os Estados Unidos é superavitária para o segundo, considerando a menção explícita pela Casa Branca do processo contra a trama golpista, além da própria postura de Eduardo Bolsonaro que chama para si toda a articulação em favor das medidas “punitivas” ao país, o tóxico elemento “político” se imiscuiu na pauta comercial.
Seria preciso muita narrativa para convencer empresários que vale a pena perder negócios em nome da defesa do ex-presidente da República. É corrente a versão nas hostes bolsonaristas de que Bolsonaro estaria sendo injustiçado porque não teria participação na tentativa de golpe de Estado, que nem sequer teria existido. Mas contra tal versão pesam as investigações conduzidas pela Polícia Federal e uma robusta peça probatória que embasa a ação em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
E se fatos políticos, na era da tecnopolítica, costumam ser “contornados” junto às bolhas, o mesmo não se pode dizer de fatos econômicos que atingem os negócios – o bolso, popularmente conhecido como o órgão mais sensível do corpo humano. Por menos........
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