Quando o tio do zap governa
Quem testemunhou os primórdios da internet há de se lembrar dos e-mails que entupiam nossas caixas-postais com revelações bombásticas, como a de que desodorante causa câncer de mama e de que bicarbonato de sódio "cura" autismo. Também inesquecível a insistente mensagem de que o pai de uma modelo famosa havia morrido após tomar um refrigerante cuja lata estava contaminada com leptospirose (de fato, a doença foi a causa da morte, mas a transmissão não ocorreu como apregoava a lenda urbana).
Com as redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas, informações falsas na área de saúde ganharam um palco muito maior. O aumento da audiência foi acompanhado pelo crescimento de mentiras que parecem exercer um poder de convencimento maior do que a ciência sobre os receptores.
Se já é terrível imaginar um ser humano comum entediado se sentar no computador para espalhar pânico ou disseminar falsos tratamentos, o que dizer quando os "tios do zap" são líderes escolhidos democraticamente para governar, e não para "pregar peças" na população?
Por aqui, tivemos a lamentável participação do agora condenado pela Justiça Jair Bolsonaro, quando presidente da República, na........
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