menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Negro pode! Negro é pop!

3 1
21.09.2025

Ricardo Medeiros jornalista, escritor, professor universitário e assessor de comunicação

Minha mãe era branca, olhos verdes, nascida em Porto União, no norte de Santa Catarina. Solteira, teve o primeiro filho aos 16 anos de idade. Uma mulher perdida, assim foi taxada. Perambulou por alguns cantos até se encontrar em Joaçaba, meio-oeste catarinense, com o preto retinto Sebastião. Em 7 de junho de 1956, tornaram-se marido e mulher. Dessa união, resultaram nove filhos. Eu, Ricardo Leandro de Medeiros, o sexto de Margaridinha, nasci em 4 de setembro de 1963, parto feito com a ajuda da minha avó paterna, Juventina.

Com as transferências do meu pai, que era da Polícia Militar, a família morou nos anos de 1960 e 1970 em Florianópolis, em casas sem luz elétrica e água encanada, situação comum em lares de pobres, residentes em morros. Em 1971, ainda com 7 anos, parti com o meu irmão Rudi para o primeiro dia de aula do curso primário na Escola Lúcia do Livramento Mayvorne, onde ele já estudava, no Morro da Caixa. A mãe colocou em meu saco plástico, desses de arroz de cinco quilos, um caderno, um lápis e uma borracha. Eu vestia uma calça azul-marinho, camisa branca e calçava um tênis azul, da marca Conga. Cursei a quinta série, em 1975, na Escola Lauro Muller.

No final daquele ano, retornamos para Joaçaba e Herval d´Oeste. Na região, colonizada por italianos e alemães,........

© Correio Braziliense