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A pornochanchada e a hipocrisia moralista: da ditadura ao Bolsonarismo

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Durante o período da Ditadura Militar (1964-1985), o Brasil viveu sob um regime que se apresentava como guardião da moralidade e dos valores tradicionais. O lema “Deus, Pátria e Família” orientava o discurso oficial, promovendo uma cultura conservadora que condenava qualquer manifestação considerada subversiva. A censura era rigorosa contra produções culturais que apresentassem críticas políticas ou sociais explícitas. No entanto, dentro dessa estrutura opressiva, havia um fenômeno paradoxalmente tolerado e incentivado: a pornochanchada.

O gênero cinematográfico, que misturava erotismo e comédia, dominou as bilheteiras entre os anos 1970 e 1980. Enquanto o regime perseguia intelectuais, artistas e cineastas do Cinema Novo, que denunciavam a violência estatal, permitia que as pornochanchadas prosperassem. Essas produções, vistas como “inofensivas”, serviam como distração para a população e desviavam o foco das tensões políticas.

A hipocrisia do governo se evidenciava na forma como lidava com essas obras. A moralidade pública era usada como justificativa para censurar discursos críticos, mas filmes recheados de erotismo e humor vulgar recebiam incentivos indiretos e isenções fiscais. Para os militares, o controle cultural não se baseava em preceitos morais genuínos, mas sim na conveniência política: enquanto algo servisse ao sistema, seria tolerado.

O falso moralismo e o bolsonarismo: continuidade e reconfiguração - Pulamos para os dias atuais e observamos um fenômeno semelhante no bolsonarismo. Assim como a ditadura, o governo Bolsonaro se apropriou do discurso moralista para mobilizar sua base conservadora. A retórica de “Deus, Pátria e Família” foi revivida como um símbolo da “defesa dos valores tradicionais” contra supostas ameaças progressistas. No entanto, esse moralismo não se traduziu em uma conduta ética coerente por parte do próprio governo e seus aliados.

Enquanto pregava o combate à corrupção e à........

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