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A república federativa do Pix parlamentar

7 17
tuesday

Do a terra é redonda

1.

Era uma vez um país muito orgulhoso de ser uma democracia, há quarenta anos, depois de vinte anos de ditadura militar em época de mentalidade de Guerra Fria anticomunista. Tinha eleições, palanques, debates e até urna eletrônica com jingle.

Mas tem uma regra secreta: quem manda mesmo é quem sabe onde está o dinheiro. E, nesse quesito, o rei é o Orçamento. E o orçamento, claro, pertence ao Centrão – um partido sem ser partido, isto é, um modo de vida mansa parlamentar.

A voz popular conta, em um certo dia, cansado de negociar cada tostão com ministros ranzinzas, o Congresso descobriu o segredo da eternidade política: uma rubrica sem CPF, sem carimbo, sem planilha. Chamava-se emenda de relator – mas ficou famosa pelo apelido carinhoso: “orçamento secreto”.

Era simples: o relator do orçamento – e ninguém sabia direito quem era (nem ele próprio) – podia injetar milhões em obras, tratores, ambulâncias e calçamentos invisíveis. Tudo sem precisar dizer para quem, onde, nem por quê. Um Pix institucionalizado com blindagem sob controle de uma planilha secreta de Excel.

Enquanto isso, o eleitor achava o deputado ser aquele sujeito “eleito para fiscalizar o governo”. Mal sabia o deputado ser o próprio governo, mesmo sendo oposição (!), só sem a parte chata da defesa dele e de responsabilidade........

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