Lugares esconsos da memória. As "2000 Crianças Judias Raptadas" em 1493
Todas as identidades têm os seus lugares esquecidos de memória, especialmente quando estes são altamente incómodos e vão contra os mais básicos princípios de humanidade. Assim é o caso da relação de Portugal com a sua memória judaica, especialmente com os momentos de massacre, de morte sistemática e em quantidade que, embora os potenciais anacronismos, nos faz pensar em genocídios, entre outras barbaridades.
A par do chamado “massacre de 1506”, que teve lugar em Lisboa, na Páscoa de 1506, em que poderão ter morrido cerca de 4000 lisboetas, supostamente cripto-judeus, o roubo de cerca de 2000 crianças judias em 1493, tiradas à força aos seus pais, e enviadas em condições desumanas para São Tomé, onde morreram quase todas, é um dos eventos negros da nossa história que nunca ganhou lugar nos manuais escolares – pudera! Como é que a gloriosa gesta dos Descobrimentos poderia ser manchada?
Mas sim, teve lugar tamanha barbaridade. Este episódio encontra-se documentado em fontes da época, como Garcia de........
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