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Andrew Tate não é um monstro

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A série “Adolescence” motivou um debate superficial sobre educação, redes sociais e violência de género. Um triângulo com um centro equidistante: rapazes adolescentes.

Tem sido duro constatar o desconhecimento flagrante destes fenómenos entre a nossa comunidade – pais, professores, comentadores – mas voemos sobre isso. Foi preciso uma série Netflix para que um alarme soasse no espaço público sobre problemas evidentes, estudados, observados e documentados há anos.

Infelizmente também não encontro surpresa – mas antes urgência – na sucessão aterradora de notícias ligadas à violência contra raparigas e mulheres nas últimas semanas. Não é um problema novo, de cifras e emojis, como tem sido tratado. É a ponta do iceberg de um sistema machista secular e à vista de todos, que urge atacar na raiz.

Andrew Tate tem sido tratado como rosto de um fenómeno novo. O influencer acusado de violação e tráfico humano surge como espécie de monstro que anda a desviar os adolescentes nas redes sociais, ensinando-os a ser misóginos e cruéis. Já o citei aqui no passado. Tate é, de facto, figura de proa de uma seita ultrarreacionária que influencia os jovens, mas custa-me vê-lo abordado como problema isolado. Antes vejo nele a hipérbole de um sistema global, no qual todos participamos: um sistema violento, machista, consumista, de competição permanente. O........

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