A trabalheira de descansar
As férias, antes de se tornarem o direito universal e a obrigação ansiosa que hoje são, foram uma invenção modesta da burguesia do século XIX. Não nasceram do hedonismo, mas do medo; eram menos uma busca pelo prazer do que uma fuga profilática à cidade oitocentista, esse foco de miasmas, de tísicos e de neuroses.
Ia-se às Caldas não para o luxo, mas para a cura; e à praia não pelo sol, mas pelo iodo. Era uma peregrinação sanitária, pautada pelo passo cadenciado dos carregadores de liteiras e pelo ritual dos banhos de mar, onde o médico, e não o guia turístico, ditava as regras do repouso. E o maior dos luxos, evidentemente, não constava de nenhum folheto: era a bênção de uma........
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