Comecemos por olhar para o seu étimo. Universidade vem do latim universitas, a universalidade, a totalidade, o conjunto indivisível de todas as coisas. Tem dois sentidos, o primeiro mais sério, mais académico – universitas magistrorum et scholarium, a comunidade de mestres e de académicos –, mas também um outro mais intuitivo, mais moderno até, o local onde as pessoas e as várias áreas de estudo se reúnem para aprofundar o conhecimento.

Mas a universalidade não é apenas um capricho semântico; durante séculos, foi o alicerce do pensamento e da inovação. Foi incorporada no Homo universalis, o polímato renascentista encarnado em Da Vinci, que foi anatomista, pintor, engenheiro, botânico e poeta, e prolongou-se noutros pensadores como Newton e Descartes durante a Revolução Científica, nome desde logo enganador, porque nem só de Ciência viveu o Homem, mas de filosofia, de teologia, de metafísica.

Ao longo do tempo, essa visão holística tem sido corroída por uma retórica utilitária. A premissa é clara: se todos os........

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