Ainda vale a pena comemorar o 8 de Março?
A esta pergunta respondo sim! Se o Dia Internacional da Mulher permitir denunciar a situação de todas as que, em grande parte do mundo, não têm direitos iguais aos homens e vivem na mais brutal e dramática discriminação na família, na vida pública, na escola, no trabalho ou no desporto. Refiro-me muito especialmente a todas as mulheres que vivem em países ou zonas da chamadas repúblicas islâmicas, onde impera a lei da Sharia e que são constantemente esquecidas pelas novas feministas da esquerda radical.
Ao longo do século XX, as mulheres no mundo ocidental conseguiram o reconhecimento da igualdade de direitos perante a lei e essa conquista civilizacional é presentemente identitária de um regime democrático e de um Estado de direito. O último país em que as mulheres conquistaram o direito de voto em igualdade com os homens foi a Suíça, em 1990.A partir daí, em todos os países ocidentais ficou consagrada a igualdade de direitos e o fim da discriminação em razão de sexo.
Foi a vitória das mulheres que lutaram corajosamente pelo direito à igualdade perante a lei desde os fins do seculo XIX e, particularmente no início do século XX, com a luta das têxteis americanas em Nova Yorque. São inesquecíveis mulheres, como Clara Zetkin, que propôs exatamente o dia 8 de Março para Dia da Mulher; ou a dirigente bolchevique Alexandra Kollontai, que tão abnegadamente lutou pelos direitos das mulheres, levando a que Lenine e, depois, Estaline fizessem dela a primeira mulher embaixadora do mundo, só para não sofrerem a sua pressão diária a favor da causa feminina. Foi ela quem propôs pela primeira vez uma licença de maternidade paga para as mulheres trabalhadoras após o parto.
O caminho foi longo e, a seguir à igualdade perante a lei, veio sempre a luta pela mudança de mentalidades na sociedade, na família e no trabalho – que é, e foi sempre, em todos países mais lenta que a alteração constitucional e legislativa.
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No final do século XX, podemos dizer, e muitas o escreveram, que as mulheres ganharam, e bem, o reconhecimento dos seus direitos em múltiplos aspetos da sua vida familiar, profissional, social – enfim, o direito a não serem discriminadas.
Não faz, pois, nenhum sentido a tentativa de vitimização feita por certa esquerda radical, mais recentemente toda a esquerda ocidental que, depois da queda do muro de Berlim e do fim anunciado do comunismo soviético, começou à procura de novas bandeiras para substituir as que caíram, gastas também pela revolução tecnológica e pela globalização que acabou com o proletariado do ocidente e a respetiva luta de classes ao deslocalizar as empresas para a China ou para a Índia, entre outros países.
Foi assim que substituíram a luta de classes por novas causas absurdas e........
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