menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

A incrível inocência de José Sócrates 

9 13
06.07.2025

1 Ao fim de 12 anos começou o julgamento de José Sócrates e dos seus companheiros de governação, homens e empresas, ainda arguidos de alguns crimes que aguardam prescrição. O julgamento será retomado dentro de alguns dias por uma razão que deve ser pertinente e é do domínio da administração judicial. Para quem não está familiarizado com essa filigrana dos tribunais parece ser estranho – como um funeral que deixasse o morto devidamente conduzido ao lugar da sepultura mas, já combinado e previsto, para enterrar apenas na semana seguinte.

A sessão decorreu como era previsível. Rodeada de expectativa, com um atraso de 12 anos e 60 minutos, precedida de alegações ao colectivo de jornalistas, impertinências dos arguidos e a firmeza paciente da Juíza Presidente. Será assim durante os próximos anos. O modo como os arguidos se conduziram até ao início do julgamento permite antever a orientação que vão adoptar no futuro próximo.

Sócrates vai continuar a suscitar incidentes processuais. Em poucas horas interpelou de modo sobranceiro o tribunal, contestou a juíza, recusou o Ministério Público e insistiu na incompetência do tribunal para avaliar os seus actos. Sócrates considera-se inocente, mas continuará a adiar a oportunidade de o provar, invalidando todas as provas da acusação e humilhando o Ministério Público.

José Sócrates é o arguido, todos os outros podem tornar-se subsidiários do seu destino. Concentra em si todos os outros, pelo seu passado – porque foi primeiro ministro e, nessa qualidade, o eixo do alegado carrossel de corrupção. Porque tem sido ele, mais do que Ricardo Salgado, aquele que mais desprendidamente pôs ao serviço da sua defesa a pensão modesta, 2 372 euros. Porque foi Sócrates quem alcançou ter relações mais próximas e mais bem........

© Observador