Pode uma guerra regional abalar Ordem Energética?
Não é descabido pensar que o conflito entre Israel e o Irão, que entra na sua segunda semana, desencadeou uma mudança na geopolítica global e nos mercados energéticos. O que começou com ataques aéreos cirúrgicos evoluiu para um confronto regional em larga escala — com repercussões que chegam a Pequim, Bruxelas e mais além. No centro da tempestade: a fragilidade do abastecimento energético mundial, o eventual colapso de alianças antiocidentais e o dilema estratégico da China.
Os primeiros ataques israelitas atingiram mais de 30 instalações militares e nucleares, incluindo locais-chave como Natanz, Fordow e Isfahan. Estes bombardeamentos, que visavam desmantelar a capacidade nuclear do Irão e a neutralizar a sua influência regional, foram descritos como “preventivos” por Yoav Gallant. Entretanto, a ofensiva, baptizada de Rising Lion, expandiu-se. Um dos seus ataques com mais impacto, até pelas reacções que provocou, foi ao campo South Pars — a maior reserva de gás natural do mundo, explorada conjuntamente pelo Irão e Qatar.
A China, que importa quase 30% do seu petróleo bruto do Irão, reagiu prontamente. Pequim manifestou “profunda preocupação”, reflectindo a ameaça estratégica que o conflito representa para a segurança energética chinesa. Sem surpresa, os mercados energéticos também reagiram. Os preços do petróleo subiram mais de 2% após os ataques, e os responsáveis europeus temem agora perturbações de longo prazo. Recordam-se de os avisos feitos por Annalena Baerbock sobre a segurança energética ter passado ser uma questão de estabilidade geopolítica? Adquiriram agora importância acrescida.
A operação israelita visou também complexos residenciais em Teerão suspeitos de alojarem membros da liderança da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) e cientistas do programa nuclear. Por seu lado, o Irão retaliou com mísseis lançados sobre Telavive e Haifa. Embora os avançados........
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