Capacete: uma questão de liberdade ou de responsabilidade?
Assistimos, nos últimos anos, a uma transformação da mobilidade urbana, graças a novas ciclovias, serviços de partilha e incentivos à utilização de bicicletas e trotinetas. Mas por trás desta transformação esconde-se um problema grave e crescente: a segurança dos utilizadores e de todos com quem se cruzam.
Uma análise recente feita pela associação que lidero, revelou que apenas 1 em cada 4 utilizadores de bicicletas e trotinetas em Lisboa e Porto usa capacete. Os números são ainda mais preocupantes em Lisboa, onde apenas 7% circula protegido, contra 45% no Porto. Esta diferença geográfica não altera o dado essencial: a esmagadora maioria continua desprotegida face a um risco real e evitável.
Segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, em 2023 registaram-se 3.239 acidentes envolvendo bicicletas e trotinetas, resultando em 26 vítimas mortais e quase 3 mil feridos. Em apenas cinco anos, o número de acidentes quadruplicou. Muitos destes casos chegam aos hospitais com um denominador comum: traumatismos cranianos graves. Médicos das unidades hospitalares nacionais relatam um aumento expressivo de internamentos prolongados em cuidados intensivos por este tipo de lesão.
O capacete não impede o acidente, mas pode mudar o seu desfecho. Estudos internacionais demonstram que o uso de capacete reduz drasticamente a gravidade dos traumatismos cranianos em caso de queda ou colisão. Ignorar esta........
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