Férias lá fora: saltar do lume para a frigideira
Por vezes é necessário — como dizem os anglo-saxónicos — “colocarmo-nos nos sapatos do outro”. Acontece que, neste caso, o “outro” é pouco dado à higienezinha. Pelo que optarei por um, ainda assim cordial, “imaginar-me na situação do outro”. Mas e quem é este “outro”? Este “outro” é o socialista. Este “outro” é o comunista. É o progressista, activista, clima-histerista. Este “outro” é o identitarista, capaz de catalogar mais identidades que o Instituto dos Registos e do Notariado. É o anti-ocidentalista, é o John Lennonista — quiçá leninista — do Imagine.
Em suma, este “outro” é aquela criatura que, ainda na pré-adolescência, optou por cristalizar a sua visão do universo, jurando — ao trincar um Bollycao — nunca, mas nunca, dar uso ao espírito crítico. E muito menos ainda, Deus o livre (aliás, “deus”. Que confianças são essas?), reconhecer quão grotescamente errado está em relação a, quase sem excepção, todos os aspectos da realidade. Começando pelo facto de o Bollycao não ser um estupendo alimento.
Deve ser duro, passar a vida a tentar encaixar o teimosíssimo mundo na utopia parva que nos ocupa a cabeça. Deve ser mais ou menos como tentar encaixar a cabeça de um boneco de Lego no corpo de um Playmobil. É possível? Possível é, mas resulta quase tão........
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