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O charme popular irresistível do Gospel brasileiro

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18.08.2025

Há uns tempos gravei um pequeno depoimento para a Conversa com o Bial, programa da Globo. Queriam ter a perspectiva de alguém não-brasileiro sobre o fenómeno do crescimento dos evangélicos especificamente na música. Hoje até artistas como o Caetano Veloso incluem canções de louvor nos seus concertos. A música feita por evangélicos no Brasil é tão marcante que até quem não tem fé pode acabar próximo do seu impacto popular. Lá, seguindo a referência norte-americana original, chamam-lhe também gospel.

O engraçado é que há uma história do gato e do rato quando se pensa na relação entre a música e a igreja. Abreviando muito, a música popular do mundo ocidental não existiria sem a igreja. O rock nasceu da tentativa de ter igreja sem Deus. Como assim? A meio do século XX nos Estados Unidos os músicos levaram para fora do santuário os êxtases oferecidos sobretudo pelo pentecostalismo evangélico—queriam manter o fervor prescindindo da santidade. Assim nasceu o rock’n’roll: vamos imitar o domingo de manhã ao sábado à noite. Culto sem o Criador (e também é por isso que qualquer concerto tenta oferecer hoje o espírito mais aproximado de uma comunidade unida numa crença).

Anos mais tarde, e novamente nos Estados Unidos (o palco preferido da vida moderna), houve cristãos que tentaram a desforra. Se num primeiro momento o Inferno pareceu ganhar com o rock, ao dar igreja sem Deus, depois a igreja quis o rock sem o........

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