O Nobre que nunca provou Bouillabaisse
Ponto prévio: esta história é uma ficção. Não constará nos livros de História de França nem nos arquivos da culinária clássica, mas como muitas boas histórias serve para ilustrar uma verdade maior — sobre o que escolhemos ver, provar e pensar no mundo de hoje.
Na França do século XVIII, em pleno auge da revolução gastronómica, um nobre abastado e bom garfo tinha ao seu serviço um cozinheiro extraordinário. Não foi por acaso. Chegaram um ao outro depois de um longo caminho: o cozinheiro aprendera com os melhores mestres, aprimorando o ofício ao longo de anos de dedicação e estudo, e o nobre investira tempo e recursos consideráveis para o contratar. Era um luxo. Um luxo caro. E, por isso mesmo, esperava-se dele excelência, precisão e resultado.
O cozinheiro, conhecedor dos segredos que transformavam ingredientes simples em iguarias sublimes, sabia agradar. Mas havia nele um receio silencioso — o medo de desagradar ao seu amo. Para........
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