Amamentar em 2025, trabalhar como em 1925: Keynes não previu
Em 1930, na sequência de uma famosa conferência de grande sucesso, John Maynard Keynes escreveu um pequeno ensaio visionário, “Economic Possibilities for our Grandchildren”. Nele, o pai da Macroeconomia Moderna, antecipava que, graças ao progresso tecnológico e à acumulação de capital, os seus netos (isto é, nós!) trabalhariam cerca de 15 horas por semana, livres da necessidade económica e com tempo para se dedicarem ao que realmente importa, como despender tempo com cultura, arte e lazer, e com a procura de melhor qualidade de vida.
A previsão era ousada, mas otimista: no final do século XX, pensava ele, o “problema económico” — o da escassez, consubstanciado na luta pela subsistência e pela satisfação das necessidades básicas — estaria resolvido. E o grande desaÞo da humanidade seria encontrar propósito e equilíbrio num mundo finalmente liberto da tirania do trabalho.
Quase cem anos depois, estamos bastante longe disso. Continuamos a trabalhar em excesso, a medir cada hora, a justiÞcar cada pausa. E, como prova disso, eis o que nos ocupa, neste momento, uma boa parte do debate público: se uma mãe pode ou não amamentar afetando para isso tempo do horário de trabalho.
Não está em causa apenas um regime legal ou uma cláusula........
© Observador
