A Europa regula tampas de garrafas — e a IA foge entre dedos
Numa recente e bem-disposta conversa sobre Inteligência Artificial, Mobilidade e Transição Energética, surgiu um paralelo curioso: enquanto EUA e China aceleram na adoção de IA, a Europa, em matéria de inovação e disrupção, parece ocupar-se com medidas simbólicas e de impacto limitado — como obrigar as tampas das garrafas a permanecerem presas ao gargalo.
Importa ser justo: o objetivo é legítimo — reduzir o número de tampas que acabam soltas na natureza. Mas a questão central não é o mérito da medida em si. A questão é o desalinhamento entre o investimento feito e o impacto real obtido, especialmente quando alternativas mais eficazes — como a limpeza de rios na Ásia ou na América do Sul, a educação ambiental ou a criação de infraestruturas de recolha de resíduos — permanecem subfinanciadas, e o que isto revela sobre as prioridades de uma Europa mentalmente agrilhoada.
De facto, numa Europa que tarda a reagir à maior disrupção tecnológica do século — a Inteligência Artificial —, o foco obsessivo em micro regulação tornou-se quase caricatural. Regulamos a embalagem com zelo extremo, enquanto........
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