O padre DJ com «bênção» Papal
Os media nacionais e internacionais têm apresentado o Padre Guilherme Guimarães Peixoto como uma figura singular que combina o sacerdócio com a música eletrónica, frequentemente descrito como “padre DJ”. Tem tido uma exposição mediática maciça desde 2023, tanto em Portugal como no estrangeiro, nos principais media mainstream como a RTP, Correio da Manhã, Observador, Reuters, France Press, Associated Press ou media especializados como o New Musical Express ou Music Radar. Os meios ligados à Igreja como a agência Ecclesia, Rádio Renascença, sites religiosos e até o programa televisivo «70×7» têm também dado notícia e realizado entrevistas ao presbítero.
O Padre Guilherme construiu ao longo dos últimos anos uma notoriedade digital muito acima da média, transformando-se numa figura «viral» recorrente. Os seus vídeos circulam amplamente no Instagram, TikTok, Facebook e YouTube, acumulando centenas de milhares de visualizações e sendo frequentemente partilhados nas redes sociais. O crescimento foi especialmente acelerado após a Jornada Mundial da Juventude de 2023 e, mais tarde, após atuações no Medusa Festival e em Košice, momentos que consolidaram a sua imagem global de “padre performer”.
O Padre Guilherme Peixoto é sacerdote da Arquidiocese de Braga, onde exerce funções como pároco nas comunidades de Amorim e Laúndos. Integra ainda o serviço de assistência religiosa das Forças Armadas Portuguesas como capelão militar. Como é notório, mantém simultaneamente uma carreira artística internacional como DJ em múltiplos concertos e festivais em Portugal e actuações em países como Espanha, Chile, Colômbia, México, Brasil ou Eslováquia.
Pode mesmo dizer-se que este pároco de aldeia é profissional global da música eletrónica de dança já que a actividade artística do sacerdote é formalmente enquadrada através da sociedade Lux Aeterna Records, Lda., da qual é sócio e gerente. Trata-se de uma microempresa criada em 2023, cujo objeto declarado abrange produção musical, gestão de eventos e actividades conexas. Contudo, o ponto relevante para este artigo não é tanto a existência da empresa, o envolvimento de contratos públicos ou a presença mediática significativa da figura, mas o modo como a actividade de DJ se articula com a condição sacerdotal.
De todo o modo, é facto que a empresa tem sede na morada da casa paroquial e logo no primeiro exercício faturou 230.959,97€, com um único trabalhador (o próprio Padre Guilherme). Sabe-se que 130.000 euros vêm de contratos públicos através de adjudicações diretas de várias câmaras municipais entre 2024 e 2025 e que 92% da faturação foi consumida em “fornecimentos e serviços externos”, sem identificação pública da natureza dos serviços prestados, o que dificulta compreender o racional económico das operações. Em suma: entra muito dinheiro, sai muito dinheiro, quase nada fica e não se sabe para onde vai.
Não há suspeitas de alguma não-conformidade legal, contabilística ou económica. Mas, mesmo que escrupulosamente legal (como não tenho razões para crer que não seja) este modelo suscita dúvidas sobre se a actividade preserva a integridade da vida sacerdotal, evita conflitos de interesses, respeita as normas canónicas e mantém os níveis de transparência que uma figura religiosa deve observar, até porque um........





















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