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José Sócrates: o arguido que quer ser Deus ou coisa parecida

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10.07.2025

Portugal, país das maravilhas fiscais e das audiências de julgamento com mais share que novelas da TVI, assiste agora a um espetáculo digno do Coliseu: a atuação continuada de José Sócrates, arguido, encenador e autoproclamado mártir de toga invisível.

No centro deste drama grego pós-moderno — “Operação Marquês” — está um homem que não só se diz inocente, como se acha insultado por alguém sequer ousar pensar o contrário. Mas o mais fascinante — quase comovente — é que foi o próprio Sócrates, com os seus monólogos barrocos e tiradas dramáticas, quem destruiu aquilo que é sagrado no Estado de Direito: o princípio da presunção de inocência. De tanto gritar que é inocente, esqueceu-se de o parecer.
É que um julgamento é, por definição, o lugar onde se defende a inocência. Sócrates, contudo, prefere outro modelo: o julgamento onde se acusa o juiz, o procurador, o sistema judicial, o Ministério Público, a imprensa, o senhor da ASAE que o multou uma vez num restaurante em........

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