Lisboa em Alerta: o que dizem os 140 mil alertas
Recentemente, um conjunto de cidadãos de Lisboa agregados em torno do MDP: Movimento pela Democracia Participativa participou num processo de análise, comentário e elaboração de propostas sobre os “Dados Abertos” da aplicação “Na Minha Rua” da Câmara Municipal de Lisboa. Neste processo, foram analisadas mais de 140 mil ocorrências tendo sido usadas algumas aplicações informáticas (usando Google App Scripts) para processar estes grandes conjuntos de dados. O que poderia ser apenas uma estatística torna-se, quando lida com atenção, um verdadeiro raio-X da cidade: das suas falhas, dos seus desafios persistentes e, sobretudo, dos silêncios administrativos que resistem ao tempo e que já tínhamos registado num estudo idêntico realizado no ano passado.
Acredito que, por trás de cada ocorrência, há um cidadão atento. É minha convicção que uma rua mal iluminada, um contentor a transbordar, um passeio intransitável, um ramo de árvore prestes a cair são, de facto, registos de um conjunto de pequenos problemas mas a gestão da cidade é exactamente isso: uma grande rede de pequenos problemas e não de grandes obras de elevado orçamento e aparato mediático. Cada ocorrência aberta no “Na Minha Rua” é um pequeno acto de cidadania activa e um grande sinal de alerta. Mas será que quem os faz está realmente a ser ouvido? Um outro estudo que o MDP está a começar dará resposta, em breve, a esta pergunta.
Neste estudo realizado em 2025 contabilizou mais de 96 mil ocorrências em 2024, demonstrando que a limpeza urbana continua a ser – como já o era no ano passado – o principal motivo de queixa dos lisboetas. E não é difícil perceber porquê: contentores sujos, sacos de lixo na via pública, ecopontos mal geridos, deposições ilegais e falta de civismo são realidades quotidianas e que estão à vista de todos. Este problema agrava-se, todos os anos, no Verão: Em julho e setembro, os registos contabilizam mais 10 mil por mês, coincidindo com o pico turístico. A cidade parece não estar preparada para absorver o impacto adicional do Alojamento Local e da hotelaria (sobretudo a do ramo da restauração) e nada de sistémico parece capaz de reverter esta tendência de forma segura e permanente.
Os dados revelados no estudo do MDP não indicam nada de novo. Desde 2009 que o tema surge como........
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