Limites naturais à afirmação da IA
“Toda a vida é a resolução de problemas”
Karl Popper
A adoção generalizada da IA ainda não levantou, de forma significativa, questões fundamentais sobre os custos de oportunidade associados ao seu uso intensivo, mas tal será inevitável num futuro próximo. É que, não obstante os benefícios evidentes trazidos por estas tecnologias, há oportunidades perdidas e custos objetivos que terão necessariamente de ser contrapostos à adesão exponencial da IA.
O impacto ambiental é, porventura, (a par da destruição da propriedade intelectual, com tudo o que isso acarreta para a inovação humana) um dos aspetos mais críticos e que já começa, a espaços, a ser lançado no debate público – desde logo, por razões ideológicas. E se a politização do risco ambiental é, a meu ver, negativa, considero que neste tema (como noutros), é importante irmos além das barricadas, pois a ameaça é real: à medida que formos substituindo tarefas tradicionalmente executadas por humanos, muitas delas sem qualquer consumo energético adicional (e, por isso, integralmente “sustentáveis”), aumentamos a nossa dependência de recursos tecnológicos cuja produção e operação são altamente consumidoras de energia e de recursos naturais valiosos, incluindo água e materiais raros. Há, assim, um paradoxo evidente: ao procurar acelerar a adoção da IA, incorremos potencialmente num acréscimo significativo de custos ambientais e económicos, até um ponto onde – teoricamente – o esgotamento de recursos escassos é inevitável.
Um exemplo paradigmático recente, que descrevi na minha última crónica, foi o caso viral........
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