A política da demissão fácil está a matar o sistema
Assistimos, nos últimos anos, a uma preocupante normalização de um reflexo que se tornou automático na política portuguesa: perante qualquer crise, perturbação ou contratempo, a primeira reação é exigir a demissão do ministro. Este comportamento tornou-se parte do folclore político nacional, e o Ministério da Saúde tem sido particularmente vítima dessa cultura do descarte. A cada obstáculo, por mais complexo ou estrutural, a solução simplista apresentada por muitos partidos e comentadores é sempre a mesma: o ministro não tem condições, o ministro deve sair. Esta lógica não só não resolve problema algum, como agrava os existentes: mina a confiança nas instituições, desvaloriza o papel da política pública e afasta quadros qualificados da missão mais exigente do país — liderar a pasta da Saúde.
O verdadeiro problema está noutro lugar: na ausência de continuidade, de accountability sério e de estabilidade suficiente para implementar mudanças estruturais.........
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