Quando as palavras ferem: custo do ódio na nossa democracia
Nos últimos meses, o debate público em Portugal tornou-se mais áspero. Declarações que falam de “invasões” ou que insinuam que “a identidade nacional está ameaçada”, começaram a circular com uma facilidade preocupante — vindas não apenas das redes sociais, mas de vozes com responsabilidade pública. Nas redes sociais, multiplicam-se mensagens que associam crime, pobreza ou decadência a determinados grupos.
Como imigrante português naturalizado, casado com uma portuguesa e pai de filhos que nasceram e crescem aqui como portugueses, olho para este discurso com inquietação. O que começou como ruído de fundo tornou-se parte integrante da conversa nacional. E o que antes parecia impensável começa, pouco a pouco, a ser normalizado.
O ódio raramente surge de repente. Cresce lentamente, disfarçado de humor, de ironia, de “defesa dos valores nacionais”. Começa quando se constrói um “outro” — alguém visto como ameaça ou inconveniente, alguém que pode ser tratado com menos empatia e dignidade. É o primeiro passo para a desumanização.
A história mostra que, quando o ódio é usado como instrumento político, ele não fica no discurso. Transforma-se em práticas, em olhares, em exclusão, em violência. O que começa como uma estratégia para ganhar votos termina como uma fratura social — e o preço é sempre pago pelas gerações seguintes. Nenhuma sociedade sai ilesa de um........





















Toi Staff
Sabine Sterk
Gideon Levy
Penny S. Tee
Waka Ikeda
Daniel Orenstein
Grant Arthur Gochin
Beth Kuhel