menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Entre acolhimento e controlo: o novo caminho da imigração

9 5
04.11.2025

Volto a escrever sobre um tema que me é muito querido e pessoal — a imigração, o acolhimento e o sentido de pertença. Não o faço como observador distante, mas como alguém que viveu essa jornada por dentro.

Cheguei a Portugal em 1998, vindo dos Estados Unidos, depois de meses de espera por um visto de investigação. Era um jovem cientista de Goa, uma terra onde o mar da Índia ainda guarda palavras portuguesas e ecos de uma história comum — complexa, mas próxima. Vinha com uma bolsa de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a convicção de que a ciência e a curiosidade não conhecem fronteiras.

O que encontrei superou qualquer expectativa. Colegas, amigos e famílias abriram-me as portas com generosidade e ajudaram-me a construir uma vida em torno de pequenos gestos de partilha e confiança. Com o tempo, Portugal deixou de ser um destino profissional e tornou-se um lar. Aprendi a língua, o silêncio e o humor — ainda em aperfeiçoamento. E, em 2010, tornei-me cidadão português: não apenas por documento, mas por escolha e gratidão.

Duas décadas depois, o país que me acolheu está novamente a refletir sobre o modo como recebe os outros. A nova Lei dos Estrangeiros, recentemente promulgada, é um sinal dessa mudança: Portugal não fecha a porta, mas estreita o corredor. As regras tornam-se mais exigentes e seletivas, procurando equilíbrio e previsibilidade. Acaba a “manifestação de interesse”, restringe-se o visto de procura de trabalho a perfis qualificados e apertam-se as........

© Observador