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O drama do Escutismo católico

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22.06.2025

1. Comecemos pela questão essencial, primeira: EU SOU UM ESCUTEIRO CATÓLICO OU SOU UM CATÓLICO ESCUTEIRO?

É, supostamente, pela fé que “o escuta orienta toda a sua vida”; supostamente, o escuta, o Dirigente escuta acredita, simplesmente, em Deus; acredita na igreja, seu corpo místico. Com base neste pressuposto, devia ser razoável poder dizer-se, sem hesitação: ⎯ eu não sou um escuteiro católico, eu sou um católico que é escuteiro! E para um católico que é escuteiro, algo básico (mas determinante), é ter uma visão católica da vida, é vertebrar a sua existência com os ensinamentos do Evangelho; é, simplesmente, ter fé! Fé esta que tem, naturalmente, uma dimensão pessoal, mas tem também uma dimensão de corpo; tem uma dimensão comunitária. Fé esta que não é algo abstrato, etéreo, gasoso ou energético; não é algo estritamente pessoal (“eu cá tenho a minha fé”, ouvimos com frequência).

E começa aqui, penso, o primeiro problema do escutismo católico, e dos Chefes escutas católicos: não assumirem que são católicos! E onde estará a raiz deste problema? A realidade é que muitos dos dirigentes do CNE, supostamente católicos, aceitaram a apetecível ideia (para alguns irresistível) de que a fé é uma espécie de gaveta; uma gaveta que vive num armário repleto de outras e variadas gavetas. E neste armário, que é a nossa existência, existe então a gaveta da fé e religião, a gaveta económica, a gaveta social, a gaveta da vida profissional, familiar, escutista, desportiva, etc. Para acentuar ainda mais o drama desta nossa vida fragmentada (desta nossa vida escutista), assumimos, ainda que porventura de forma inconsciente, que cada uma destas gavetas pode ter, só por si, vida própria. Pode ter as suas ideias, as suas referências, as suas práticas; autónomas, isoladas e independentes, e frequentemente incompatíveis umas com as outras. A prazo, o nosso testemunho, a nossa existência, a nossa vida já nada tem a ver com aquilo que na Promessa, prometemos que ia estar no Centro: a nossa fé!

2. Na verdade, as referências católicas, cristãs, cultuais estão plasmadas nos nossos regulamentos e estatutos (ainda que cada vez mais genéricas, teóricas e… inofensivas), mas depois, na prática, no........

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