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Esperançar a Esperança

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19.09.2025

A realidade que vivemos como próxima ou que nos é trazida pelos meios de comunicação parece evidenciar que um espectro de inquietação e violência ronda o mundo traduzindo-se em manifestações, na grande maioria de carácter económico-corporativo com alguns “ensaios” de reivindicações políticas. Estado já definido como uma “guerra civil mundial”, aos bocados, a atingir picos extremos: no Médio Oriente, as pessoas matam-se umas às outras por causa de uma parcela de terra ser Israel ou Palestina; na parte do Leste Europeu ou Europa Oriental, de modo semelhante, com centenas de milhares de vítimas…

A realidade é que estamos vivendo uma época marcada por vários desafios: crise humanitária, crise política, crise económica e uma forte negação em relação ao estado crítico em que o planeta Terra se encontra, pelo que a Esperança, como uma vertente no campo da psicologia, tem-se tornado objeto de estudo contemporâneo, para que o desenvolvimento humano se possa tornar melhor , pois não podemos viver sem esperança e precisamos que ela se propague.

Encarando a Esperança a partir da teologia cristã, tenhamos presente a promessa de Cristo [Jo: 14,1-2] : “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar”. Em resumo, Jesus pede aos Seus discípulos, que creiam nele e em Deus, e anuncia que Ele irá preparar um lugar para eles (para nós) na Casa do Pai.

As virtudes são hábitos, isto é, formas de habitar o mundo. A teologia distingue entre as virtudes cardinais (Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança) e as virtudes teologais [Esperança, Fé e Amor (ou caridade)] em que as primeiras, como o adjetivo indica, são virtudes principais ou fundamentais e as virtudes teologais não são humanamente adquiridas, mas infundidas divinamente. Como escreveu Tomás de Aquino na sua Summa Theologica: “Essas virtudes são chamadas Divinas, não como se Deus fosse virtuoso por causa delas, mas porque, por causa delas, Deus nos torna virtuosos e nos guia para Si mesmo”, no fundo traduzindo participações na vida divina.

A palavra “esperança” tem origem no termo latino spes, que significa “confiança em algo positivo”. Em resumo, a palavra “esperança” e o verbo “esperar” têm raízes comuns no latim, ambas relacionadas à ideia de confiança, expectativa e desejo de algo positivo que se espera que aconteça, mas a verdade é que a esperança perdeu presença no espaço público e no pensamento contemporâneo e só ela poderá dialogar com o futuro, aproximá-lo.

No conceito católico, a Esperança é uma virtude teologal que se manifesta na confiança em Deus e nas suas promessas, podendo considerar-se que se apresenta desde o princípio da pregação de Jesus, no anúncio das bem-aventuranças, transmitindo-nos que a sabedoria está com os anunciadores da esperança e não com os que apregoam a tragédia.

A Esperança não é uma simples expectativa, mas uma certeza........

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