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Ei-los que partem!

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22.08.2025

A relevância relativa da Europa tem vindo a diminuir num mundo cada vez mais dominado pelo Sudeste Asiático. Em 40 anos, a economia asiática passou de 15% para 36% do PIB mundial, enquanto a Europa passou de 44% para 25%. Ainda assim, o PIB per capita asiático continua bastante inferior ao europeu, o que revela, naturalmente, um enorme potencial de crescimento na Ásia. A Europa (e o Ocidente) perdem, portanto, relevância económica, mas também política. A isso associa-se uma crise demográfica sem precedentes, cuja única resposta viável a médio prazo passa pela imigração — que é, convenientemente e paradoxalmente vista como uma espécie de causa de todos os nossos males.

Mesmo não o sendo, é evidente que as elevadas taxas de imigração para a Europa num curto espaço de tempo estão a desestabilizar as sociedades e os sistemas políticos do Velho Continente, através das pressões sobre o mercado da habitação e os serviços de saúde. Continuar a aceitar imigrantes agravará esses problemas, mas cortar a imigração criará outros, como uma enorme falta de mão-de-obra para serviços essenciais, hoje em dia já largamente dependentes de imigrantes — desde logo nos setores da construção e da saúde. Embora os populistas tenham soluções simples para tudo, está claro que não há panaceias.

Em Portugal, adoramos ver-nos como ilha a flutuar no tempo e no espaço, ignorando a nossa integração na Europa e no mundo. Isso ficou patente nas legislativas deste ano, em que se ignoraram e não se discutiram temas críticos para o nosso futuro coletivo, como as guerras, a instabilidade económica causada pelo presidente americano ou a inteligência artificial.

Dito isto, fica claro que é bem melhor liderar do que secundar os demais a nível europeu, mesmo com a Europa a perder inexoravelmente peso relativo. Costuma dizer-se que na Europa há dois tipos de países: os pequenos e os que ainda não perceberam que são pequenos. Mas nem sermos pequenos é desculpa, e temos vários exemplos que nos podem inspirar — da Finlândia à Irlanda, e da Suíça à Áustria.

O número de jovens adultos que emigraram nos últimos 20 anos é avassalador. Portugal investiu muito em educação e registou uma evolução ímpar desde o 25 de Abril de 1974. Todavia, o desequilíbrio de qualificações entre aqueles que entram e os que saem dita a impossibilidade de atingirmos os valores médios da UE num horizonte previsível.

Essa é, pois claro, uma situação que nos impede de alcançar o PIB per capita dos países mais........

© Observador