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Uma semana de Leão

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18.05.2025

Um rápido Conclave ofereceu à Igreja e ao mundo um Papa. Sublinho o «um» porque só a Igreja Católica é capaz de inspirar aquela confiança que se expressou na alegria esfuziante de milhares de pessoas diante de fumo branco que saía de uma chaminé. Não importava qual era o nome… para um católico só é importante ter consciência que «Temos Papa».

Mas o mundo e a Igreja esperavam um nome. Faziam-se perspetivas em torno dos nomes mais falados e cada nação falava dos «seus» candidatos. Quando fomos surpreendidos com o nome de um Cardeal norte-americano. Contra todas as expectativas e apostas. Prevost: um missionário agostinho. Vale a pena sublinhar o aspeto de missionário, uma vez que o foi, de facto, e durante muito tempo, deixando o conforto de tudo aquilo que se tem num país como os Estados Unidos e partiu para o Perú. As muitas fotografias que têm sido publicadas mostram-nos um homem que não tem medo de arregaçar as mangas e calçar as galochas para estar próximo do seu povo. Efetivamente, pelo menos na época moderna, é o primeiro Papa que fez esta experiência como missionário, sendo um facto em tudo promissor do que virá a ser a sua missão papal.

Mais que contar a sua história, que já muitos e bem fizeram, quero sublinhar alguns aspetos que surgem destes primeiros dias de pontificado. Há diversos aspetos que chamam a atenção, em muito por causa da sua pertença ao ambiente eclesial norte-americano, cujo substrato teológico tive oportunidade de estudar para a tese de doutoramento, que versou sobre o pensamento do teólogo Avery Dulles.

Apelo e compromisso pela Paz

Na primeira vez que apareceu em público como Papa, na loggia central da Basílica de São Pedro, deixou um forte apelo à paz. Não uma paz fundada em acordos irenistas, mas aquela paz essencial para os cristãos, que é a paz que se funda em Deus.

Se «leão» é símbolo de força e coragem, Leão XIV deu provas disso no apelo à paz deixado no discurso do dia 14 de maio, perante os peregrinos do Jubileu provenientes de comunidades das Igrejas Orientais. O compromisso pela paz foi marcante no Pontificado do Papa Francisco e foi doloroso que no final da sua vida se tivessem multiplicado os conflitos. Aliás, entravam já os cardeais em Conclave e escalava a violência entre o Paquistão e a Índia.

A força da Igreja católica – aquele «poder» que muitos tendem a afirmar, mas que não é outra coisa que a sua capacidade moral de transformar vidas e mudar atitudes – reside na sua autoridade moral e na capacidade da sua rede diplomática. No referido discurso, afirmou o até à semana passada Cardeal Prevost e agora Papa Leão: «A Santa Sé está disponível para que os inimigos se possam encontrar e olhar nos olhos, para que as pessoas possam recuperar a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade........

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