Para onde vai Luís Montenegro?
Começa verdadeiramente agora o novo ciclo político de Luís Montenegro com a nova configuração parlamentar e o Orçamento de Estado (OE) a ser apresentado a 10 de Outubro mas que, na prática, já começou a ser negociado nesta forma atípica, que ganhou tração nos dois últimos anos, de se discutirem projetos ou propostas de lei de índole claramente orçamental fora do período orçamental.
Para se perceber o que pode vir a ser este mandato de Montenegro, convém dar um passo atrás e perceber o trajeto do seu mentor, Aníbal Cavaco Silva. A sua perenidade como primeiro-ministro deve-se bastante ao que aprendeu com o seu Professor de York, Alan Peacock sobre teoria da escolha pública (public choice). Esta teoria aplica a teoria económica à decisão política e modeliza os políticos como maximizadores de votos, e não necessariamente maximizadores do bem-estar social. Entre as previsões interessantes da public choice está a de que os governantes implementam ciclos político-económicos, isto é tomam medidas populares e políticas orçamentais expansionistas antes das eleições (descer impostos e ou aumentar a despesa pública), para depois das eleições, e caso as ganhem, adotarem medidas restritivas, ou seja o inverso. Se ambas as políticas — expansionista e contracionista — forem implementadas, o dano para as finanças públicas não será significativo, apesar de alguma assimetria que........
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