25 de Novembro: Memória e História
1 25 de Novembro de 1975 foi o dia em que mais medo tive na minha vida. Na altura com dezasseis anos estava filiado no Movimento de Esquerda Socialista. O MES fazia parte das organizações de extrema esquerda que advogava o “poder popular” e estava associado à ala mais radical dos militares de abril, em particular a Otelo Saraiva de Carvalho (COPCON) e Dinis de Almeida (RALIS). Na noite de 24 de Novembro recebemos indicações de que algo muito sério estava em marcha e que deveríamos ir para local seguro pelo que muitos dos jovens do MES, dos liceus e das universidades, nessa noite não dormiram em casa. A 25 de Novembro, fomos para o RALIS “defender” esta unidade militar que estávamos certos iria ser atacada. (Só mais tarde soube que escassos dias antes, a 21, tinha havido o juramento de bandeira revolucionário dos soldados). Éramos uns milhares ao pé do RALIS, anoiteceu e havia fogueiras e guitarras. Às tantas fez-se um cordão humano para a defesa do RALIS. Por essa altura fomos informados que o coronel Jaime Neves dos Comandos se dirigia à capital e, julgávamos então, ao RALIS. Nesse momento pensei que o Jaime Neves chegaria ali, à frente das suas duas companhias de comandos, dispararia e iríamos todos literalmente pelos ares.
Quando quero dar uma leve ideia daquilo que se passou no processo revolucionário em curso (PREC) a jovens ou a estrangeiros costumo referir outro episódio marcante a 23 de Setembro de 1975. Houve uma grande manifestação em Lisboa dos Soldados Unidos Vencerão (SUV), com cerca de dois mil soldados fardados e mais de cem mil civis de partidos de extrema esquerda e populares que apoiavam os SUV. Subida a Avenida da Liberdade, a manifestação terminou no parque Eduardo VII. Depois dos discursos da praxe, alguém relembrou que um dos objetivos era libertar dois soldados que estavam presos por distribuírem panfletos no quartel e que para isso era necessário irmos para a Trafaria, mas era necessário meios de transporte. Descemos para a Av. Fontes Pereira de Melo e vários manifestantes, incluindo o meu irmão mais velho, faziam sinal aos autocarros da carris de dois andares, que parassem e nos levassem para a Trafaria. Sem qualquer tipo de pressão os condutores anuíam e os passageiros saíam, nós entrámos, e assim foram desviados mais de uma dezena de autocarros. Já na outra margem do rio assentámos arraiais, e com o aquecimento de fogueiras e de guitarras – houve muita música no PREC – decidimos que só........





















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