Quando a verdade é inconveniente...
Na noite de 4 de março de 2001, a tragédia da queda da Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, marcou profundamente o país. O colapso da infraestrutura levou consigo um autocarro e dois automóveis, ceifando a vida a 59 pessoas. Nesse mesmo dia, o então ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, assumiu em direto perante o país que, “quando as coisas correm mal, alguém tem de assumir a responsabilidade política”, apresentando de imediato a sua demissão e reconhecendo que o Estado tinha falhado na sua função de zelar pela segurança dos cidadãos.
E a este propósito desde 1998 (relembro o ofício enviado a 5.11.1998 ao secretário de Estado Adjunto do Ministro do Equipamento), ano em que iniciei as minhas funções autárquicas, alertamos os sucessivos governos através dos detentores das pastas das Obras Públicas para as condições de segurança para quem transitava na Ponte Hintze Ribeiro, exigindo a construção de uma nova ponte. Quando missivas destas aconteciam dávamos a conhecer a todas as entidades públicas que tinham direta ou indiretamente a ver com esta ligação rodoviária.
Sendo a Ponte Hintze Ribeiro propriedade da Administração Central, na altura pertencente à JAE – Junta Autónoma das Estradas, fazia a ligação de duas Estradas Nacionais, a EN 106 e a EN 224, era à JAE que competia fazer a manutenção e vistorias a esta e às pontes sua propriedade.
A 12 de Dezembro de 1998, numa visita que fez ao concelho e alertada para a necessidade de uma nova ponte sobre o Douro em Entre-os-Rios, a então secretária de Estado do Desenvolvimento Regional afirmou: “Sobre a ponte já tenho uma informação concreta da Junta Autónoma das Estradas. A ponte vai mesmo arrancar em 1999. Está inscrita num anexo do PIDDAC”.
A 5 de Março de 1999, numa sessão na Assembleia da República (ver diário da AR I série, nº 56) o então secretário de Estado das Obras Públicas, respondendo a um deputado, disse: “No........© Observador
